segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mensagem de 16-11-2008 da mãe do Silvestre

2008-11-16

Meus queridos amigos do Silvestre

Esta foi uma semana muito complicada para mim, como mãe, porque certamente nenhuma mãe projecta o 22º aniversário dum filho para uma cama de hospital – e que hospital (pela sua especialidade e pelas características de apoio que disponibiliza) e como compreenderão foi uma semana muito difícil.

Sei que hoje vai haver uma invasão do Quarto No 1 do Piso 4. Não estarei lá, não porque me é indiferente mas sim porque acho que ele tem direito a ter toda a atenção só para ele. Se ele estivesse noutras circunstâncias, ele também teria um encontro só com os amigos na altura do aniversário dele, e assim sendo, este é o que mais se poderá equiparar a esse encontro. Não pensem que eu não sou sensível aos vossos esforços – muito pelo contrário. Mas porque acho que ele tem direito a este momento, e porque eu não vou conseguir não “mijar pelos olhos” e porque até agora ele ainda nunca me viu de lagrimita no olho (e só Deus sabe o esforço que por vezes é …) decidi deixar o tempo todo para ele e vocês.

Tenho obviamente conhecimento da conta bancária que foi aberta para o Silvestre e julgo saber que terão feito contribuições para a mesma. Não actualizei a caderneta da conta, porque para mim, mesmo sabendo que a conta existe e estou obviamente grata, o mais importante é o tempo que vocês dão ao Silvestre. O tempo que lhe dão é mais importante que todo o resto, porque o tempo é tão precioso, que não é possível atribuir-lhe o valor real. Para quem está a passar por uma transformação tão grande e assustadora, saber que não foi esquecido, é o mais precioso dos medicamentos. Por isso para mim, os amigos do Silvestre são mais importantes que eu. As mães estão lá sempre (e no meu caso reconheço, um tantinho abafadora), os amigos estão lá porque querem, porque o Silvestre fez algum tipo de diferença, partilhou um percurso, fez parte dum grupo num ou outro ponto do percurso da vida dele. E se o grupo se consegue reunir à volta dele desta maneira, é porque ele fez algum tipo de diferença, partilhou um percurso ou fez parte do grupo. Um ministro da educação disse que os jovens são a geração rasca – quando vocês forem a geração rasca, então que a sejam com as características de generosidade e interajuda que vocês têm demonstrado neste tempo que o Silvestre está a viver, e talvez se defina correctamente o que é a Geração Rasca.

Por serem soldadinhos numa guerra cujo quartel é (neste momento) o Hospital de Alcoitão, só posso dizer bem-haja. Vocês têm contribuído para fazer mais bonitos os dias do Silvestre.

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